quarta-feira, julho 12, 2006

O Nuno Gomes já pagou um bigmac...

domingo, julho 09, 2006

Bem haja a todos!

A vida é feita de ciclos, caminhos com um destino bem definido e de infinidades.

Não sei se faz sentido ou não, o que sei é que eu acho que faz sentido. Aliás este blog sempre me serviu para expor um pouco do que eu achava fazer sentido, ou para gritar com a caneta* sobre as barbaridades que não fazem sentido nenhum. Pequenos gritos do Ipiranga neste espaço, que quando foi criado não imaginei ter o universo de leitores que viria a ganhar.

Lembro-me da noite em que 4 amigos passeavam pela nossa bela (?!) cidade litoral e se lembraram de fazer um blog**. Recordo com um sorriso, o brainstorming de possíveis nomes, e o rasgo de génio (na nossa modesta opinião) quando nos deparámos com a ideia dos "Genéricos".

A minha participação foi um pouco intermitente, com momentos de grande assiduidade e outros de ausência. Está tudo relacionado com estados de espírito, tempo e preguiça.
Ao longo deste ano e alguns trocos, ganhámos um membro, perdemos outro e creio que nestes últimos tempos perdemos também a irreverência e, atrevo-me a dizer, originalidade que a dado momento nos caracterizou. A culpa é nossa claro, com causas determinadas pelas actuais conjunturas e peripécias das nossas vidas.

Tomei a decisão de oficializar as minhas férias de colaborador deste blog.
Isto não será um adeus, mas sim um até breve. Pois julgo ser essa a minha vontade***.
Obrigado aos meus amigos colaboradores e aos leitores, especialmente aqueles que não fazem ideia de quem eu sou, e que de algum modo se identidicaram com o nosso blog.


PS - Não me importo de imitar a minha amiga Prozac, pois sei que ela não se importa, e felizmente sei também que as "manias" que apanhe dela, serão sem dúvida boas.
Sendo assim, deixo uns excertos do poema "Aniversário" de Álvaro de Campos****:

"No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a.olhar para a vida, perdera o sentido da vida.

(...)

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos ...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!

(...)

Pára, meu coração!
Não penses!
Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos. Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira! ...

O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!... "



* - É pena que com as novas tecnologias algumas expressões tão bonitas fiquem obsoletas.
** - Estávamos a passar precisamente ao pé da rodoviária.
*** - Aprendi que às vezes é mais fácil interpretar outros do que eu próprio.
**** - Não morará um bocadinho dele nos nossos corações?!

Já diz um grande amigo meu: "É incrivel o tempo de antena que o comum português tem nos meios de televisão"