segunda-feira, abril 04, 2005

Cartas de Amor

Se falarem com as vossas antecessoras verão a importância da ida domingueira à missa! A semana era passada entre trabalhos domésticos e algumas aulas, entre as quais a catequese. A roupa de domingo era religiosamente guardada e limpa, não podendo ser usada noutra situação.
Ao chegar ao dito dia, partiam pela manhã com sorrisos estampados nas bochechas magras. Viam-se imensos jovens, irmãs de braço dado que cochichavam entre si e alguns rapazolas imberbes, também felizes, que comentavam a partida do dia anterior.
- “Quanta Juventude!” – afirmava o padre contente pelo seu empenho na doutrina paroquial.
Mas tudo isto porque era o único dia da semana em que rapazes e raparigas podiam permanecer mais tempo a entreolhar-se, em sorrisos tímidos e algumas piscadelas de olho. As sortudas recebiam cartas perfumadas cheias de promessas joviais e de amores infinitos.

Depois nascemos nós. Poucos eram os que iam à missa mas havia telefone! Era só ter um amigo melhor informado que sacasse facilmente a informação pretendida ou, em casos mais extremos, recorria-se à bela da lista telefónica.
Mais sorte tiveram os nossos irmãos. Já com computador e Internet em casa, teclavam durante horas a fio no mIRC. Aí podiam conhecer quem quisessem e melhor, ser quem quisessem. Para acompanhar, tinham telemóvel. “TE – Te!” e mais uma mensagem!
Os que não tinham tais modernices, espécimes raros neste mundo consumista, podiam sempre aproveitar-se das discotecas e bares que começaram a brotar freneticamente por essas cidades fora.

Evoluindo, surge o Messenger; mais uma vez, necessitando de um amigo com conhecimentos alargados, já que é necessário o e-mail da pessoa em questão. Paralelamente, há fotologs e hi5 que dão a provar um pouco da fisionomia, amigos, cão e gato, entre outros que tais.

Agora digam-me, daqui a 30 anos, qual o romantismo de possuir um log, versão Word 2000, que nem sequer é compatível com o vosso sistema operativo? Eu, sinceramente, continuo a primar pela existência das cartas de amor tradicionais. Não é muito mais engraçado encontrarmos resquícios de pétalas de uma flor, erros ortográficos numa letra tímida e sentir pela “primeira vez” o perfume daquelas folhas amarelecidas pelos anos?

1 Comments:

Blogger Xita Primavera said...

e viva o romantismo tradicional... as cartas de amor tão lá... tu tás lá... eu n te conheço mas concordo... tá bunito ;)
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4/04/2005 10:15:00 da tarde

 

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