sexta-feira, fevereiro 03, 2006

Bla, bla, bla, bla, 'tás ouvir?

Se há coisa que eu odeio terminantemente são verdades La Palisse, expressas como se fossem a opinião mais inteligente, altruísta e brilhante que essa pessoa teve. No entanto, a maioria das conversas humanas baseiam-se mesmo no famoso Senhor, que esteja onde estiver, ainda deve sentir no pêlo o peso da risota dos outros.

Qual é o objectivo? Bem... continuar uma conversa com quem não se sabe mais o que dizer, começar um diálogo com alguém que nos impõe distância, do género "...ah e tal, está de chuva...", e outras coisas que tais.
Mas é em palestras, tertúlias culturais e outros eventos que realmente valem a pena ouvir o orador o máximo de tempo possível que mais me frustram tais intervenções. Porque é que as pessoas sentem necessidade de falar, dizendo aquilo que já toda a gente sabe? Mais vale estarem caladas. Eu, sinceramente, estou a maior parte do tempo em silêncio porque não tenho nada inteligente para dizer. E, frequentemente, ainda tenho que pagar para ouvir tais "diarreias mentais", como diz alguém.

Sim, se virarmos o prisma, realmente, é sempre bom que haja alguém a falar, a quebrar o silêncio, ou mesmo a interromper uma conversa deveras interessante. Senão estávamos sempre calados e a agonizar as nossas calosidades. Mas eu realmente prefiro muito mais o silêncio.

A competência para avaliar a nossa inoportunidade é realmente um dom, ou não estivesse o mundo repleto de gente chata e tão obcecada pela sua bolha Actimel, que não consegue realmente ver mais para além disso.

4 Comments:

Blogger Guronsan said...

Ódio é um sentimento conotado tão negativamente...
Muito humildemente, considero que toda a gente tem direito a expressar a sua opinião, por mais estúpida que esta possa soar, seja sobre que assunto for. Senão, de que serviria a Liberdade que todos nós exaltamos e pela qual lutámos antes do 25 de Abril? Creio que basta de censuras.
Quanto ao silêncio, já nos calamos tantas vezes sem saber bem porquê, por que não de vez em quando levantarmos a nossa voz contra o costume e a monotonia?
Mas isto é só a minha opinião, valendo o pouco que ela vale, e correndo inclusivamente o risco de ela mesma ser uma terrível 'diarreia mental'.

2/05/2006 11:11:00 da tarde

 
Blogger Pires said...

Adorei a ultima parte, a da bolha actimel. Partiu-me todo ! lol
Silencio... estar sempre em silencio torna-se enfadonho, ao menos façam como eu e nao digam nada com jeito.. sebem que muitas vezes devia era tar caladinho, mas pronto =x

" Ódio é um sentimento conotado tão negativamente... ", é o Ódio que move as pessoas, que nos faz sentir vivos, sem o conhecer nao se conhecia o Amor como sendo o auge da felicidade/alegria/sentimento bom, seria apenas mais um sentimento como tantos outros, nao recebendo o devido valor.
Eu digo com todas as letrinhas, ÓDIO (!), e Odeio, mas nao no termo racista como já me disseram que poderiam confundir.

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2/08/2006 01:35:00 da manhã

 
Blogger Stx said...

Pois é... mas há vários tipos de ódio, como deve supor Senhor Xanax.

E o que é que a liberdade porque nos "exaltamos e pela qual lutámos antes do 25 de Abril" tem a ver com o facto de não me apetecer ouvir certas coisas? E quais censuras? Eu não censuro ninguém, falem à vontade que eu viro as costas e vou bugiar para outro lado.

Fala como se eu fosse contra a revolução, o hasteamento de grandes ideais. E o que escrevi não tem nada a ver com isso. Aliás, o Senhor também já se deve ter sentido a mais numa conversa sem rumo interessante, ou não? Daquelas que dão vontade de uma pessoa virar costas e mudar de cenário. Daquelas que não passam de uma monótona redenção à evidência da incultura e recuo mental de alguns. E eu, estou vivemante contra a monotonia!

Tenho dito!

2/10/2006 12:04:00 da tarde

 
Blogger Guronsan said...

Gosto de acreditar que as pessoas têm algo de interessante para dizer, se bem que por vezes tal não suceda, mas julgo que devemos tentar ouvir os outros se tivermos oportunidade e paciência para isso. Claro que respeito o teu ponto de vista e compreendo agora o porquê de teres levantado essa questão.
Por que não tentarmos nós mesmos dar um rumo interessante às conversa desinteressantes? Às vezes, é nessas tentativas que se ganha uma nova dinâmica comunicativa e se têm tertúlias deveras interessantes.
Se estás contra a monotonia, então (pelo menos nesse ponto) estamos ambos de acordo.

2/13/2006 04:13:00 da tarde

 

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