segunda-feira, dezembro 26, 2005

A Crise

Sentados confortavelmente perante o mundo,
Espectantes e sedentos de assunto,
Esperamos pela próxima tragédia...
Se nos transtorna, alugamos um filme de comédia.
Rir sempre foi o melhor remédio,
Pois é esgotante esta vida de tédio.
Quando não se luta para sobreviver,
Comemos, bebemos e deixamo-nos morrer.

domingo, dezembro 25, 2005

Ouvi dizer...

Hoje mandaram-me uma cassete ao final do dia muito estranha. Macabra eu acho! Quem foi capaz de tal esquema deveras engenhoso e assustador? Envolveu-se na minha vida de tal maneira, mas fez-me compreender que, afinal, há MESMO sempre alguém atrás de nós.

Comecei por pô-la no rádio e ouvi um despertador tocar. Igual ao meu. E ouvi alguém bocejar e mexer nos lençóis. Calçou-se... e ouvi o esperado de manhã, seguido do autoclismo. Inspirou profundamente e ouvi a água a correr. Até agora, tudo muito estranho... mas continuei. Apercebi-me de um corte na fita, mas esta continuou logo a seguir.

-"Bom dia!" - foram as primeiras palavras que ouvi e era a minha voz. Ouvi o início do computador que uso na empresa e o telefone a tocar. Repetiu-se a conversa que tive com o director de telemarketing e depois vieram uns barulhos estranhos! Sons emitidos por mim sem nunca me ter apercebido, enquanto estava a trabalhar. Pedaços de palavras, simulações de conversas em tom baixo, suspiros, espirros, inspirações mais profundas, trautear de uma canção. Finais de frases. Ordens para mim própria. Insultar a fotocopiadora. O barulho da minha barriga com fome.
Tudo gravado com elevada acuidade!

Cuidado com o que dizem, quando pensam estar calados...

segunda-feira, dezembro 19, 2005

Competência

Quando eu for grande, quero ser jornalista da TVI. Moderar debates presidenciais, ser pivot do noticiário com mais audiência do país e quero também arrasar com reportagens fantásticas de interesse público.

Tenho um problema... não sei ser irónico.

*zap*

sábado, dezembro 10, 2005

Rumar, onde?

Olhando para o mundo como está, não é difícil mesmo para o mais destraído dos mortais, verificar a grande trapalhada para a qual nós fomos cuspidos sem dó nem piedade no final do século passado. Anos loucos de revoluções, ciência, tirania, solidariedade, abolições, constituições, fuzilamentos, libertações... Aviões, tanques, máquinas de barbear, computadores, televisão, internet, pobreza, miséria, humildade... Democracia, comunismo, fascismo, direita, esquerda... Fome, guerras, paz, escravaturas, torturas. Nunca em 100 anos de história se viu os opostos da humanidade como no séc. XX. Viu-se o melhor, e assistiu-se ao pior do ser humano.
E agora nesta infância precoce do séc. XXI, o que mudou?
Não aprendemos com os erros, ou não queremos aprender? Eu quero! Quero muito. Queria muito poder mudar tudo de uma só vez... Estou cada vez mais desiludido com todos nós. Com esta sociedade megalónoma que criámos que nos consome sem cessar e sem nos apercebemos. E quando alguém diferente diz "basta!", mutilamos as pernas à infame personagem num piscar de olhos, mesmo quando nem o queremos fazer. Este atropelo nada aleatório do espírito crítico cresce a um ritmo assutador. Mas que fazer senão ligar a televisão? Somos incutidos diáriamente a crer, que se tentares ser um dos que gritam de nada te vale, de nada te serve... É apenas um gasto de energia que podia ser empregue a conseguir melhorar um pouco o teu nível de vida com trabalho, e as oportunidades que os teus pais se esfolaram para dar. É esse o seu sonho. Querem que tu tenhas melhores condições, e que por sua vez proporciones melhores condições e oportunidades aos teus filhos. E sempre assim por gerações, até qui ça finalmente dentro de um grande carro com uma grande casa possas ter a vida desafogada por que todos suspiram. Não é um mau sonho. Não os critíco, aliás sem esse sonho não estaria aqui a divagar... Mas... olhando para o mundo, como posso eu querer construir o meu castelo de areia quando 1/3 mal escava um buraco? Quando eu vejo tanta hipocrisia e desigualdade, mesmo após 100 anos de história viva que ainda arde na retina e vejo que tão pouca gente aprendeu algo. Não sei que fazer, mas gostava de ajudar. Ando à procura de um significado para tudo isto. Ando à procura da minha fé na humanidade. Ando à procura da minha redenção.


ideias soltas e pensamentos (muitas vezes desconexos) que me vão assaltando com crescente frequência o espírito. Sei que tem erros. Mas para conseguir achar um rumo, às vezes preciso de escrevinhar. Obrigado pela paciência e tolerância.